19 de fev. de 2011

VOYER

Ela se olha no espelho,
se sente bem, está desejável.
Anda pelo quarto olhando para trás,
bebe um copo de loucura,
arranca do corpo teso as vestes,
lança o olhar provocante vidraça afora,
olha seu perfil no espelho,
braços erguidos de dançarina espanhola,
sorve mais um pouco de delírio,
acariciando seus seios
e depois, escondendo-os nas palmas da mão.
Apagam-se as luzes.
Meu olhar é desviado para outra janela.

06/05/99

JANELAS DA ALMA

"dedicado, incidentalmente, à uma grande e admirada amiga" (12/10/89)

Ela tem olhos de gata
Um mar de águas cristalinas
Que brilha com ternura
Que emana alegria
Mesmo quando ela não há


Ela tem olhar altivo
De rara nobreza
Quando olha de cima para baixo
Impõe sua realeza
Mesmo quando motivo não há

Suas sobrancelhas quase juntas
Em fileiras penteadas
Sombreiam duas esmeraldas
Que dentre outras tantas ostentam preciosidade
Mesmo quando riqueza não há

Outras partes de seu rosto
Também são tão belas
Quanto as cálidas formas de seu corpo
Causadoras de devaneios
Porém, espreito apenas por suas límpidas vidraças
A imensidão de seu ser transparente
Viajando através de seus olhos
Que são as janelas da alma